Olhando o passado, no percurso cronológico linear da história do teatro, por volta de 1916, com o surgimento do dadaísmo, um movimento radical e anarquista, começa a acontecer uma aposta na desconstrução da realidade por meio de curtas atuações que põem em causa os fundamentos do teatro e das artes em geral. * Para pesquisar sobre o Dadaísmo, alguns sites:
A escola alemã Bauhaus (1919-1933), inventa adereços, máscaras e máquinas de cena que trazem novas concepções ao teatro, privilegiando a dança e a arquitetura. A cenografia é o elemento mais explorado pelo teatro da Bauhaus, tendo como referência as propostas de Oskar Schlemmer.
Oskar Schlemmer
Teatro Bauhaus
Reconstituição do Ballet Triádico de Oskar Schlemmer -Bauhaus (1919-1933)Centro Universitário Senac (2013)
Croquis do figurino do teatro Bauhaus
Chega, então, Antonin Artaud, com transformações impactantes para a cena teatral, propondo o que se chama de teatro da crueldade. Um teatro marcado pela interação entre atores e espectadores, esmaecendo a divisão estanque entre palco e plateia, e centrado na crítica à racionalidade, não somente do teatro, mas da própria sociedade ocidental. Para Artaud, o teatro, como a peste, tem a capacidade de manifestar o fundo de crueldade latente nas almas humanas. Em 1935, conclui o livro O teatro e seu duplo, uma das obras mais importantes do teatro no século XX, em que apresenta suas ideias revolucionárias sobre a potência ritualísticas e espiritual do teatro.
Antonin Artaud
O dadaísmo hiberna até que, em 1955, é criado o teatro Happening pelo polonês Tadeusz Kantor. O primeiro ato dessa forma de teatro é o Cricotage, espetáculo em um café em que o autor introduz 14 atividades, entre elas, comer, fazer a barba, transportar carvão, ficar sentado etc. Durante o happening, todas essas atividades são desprovidas das suas funções práticas e cada uma está condenada a desenvolver-se única e exclusivamente em função de si própria.
Teatro Happening (1967) - Tadeusz Kantor
A Balsa do Medusa - Théodore Géricault 4,9 m x 7,2 m - Óleo sobre tela (1818–1819)
A relação entre o dramaturgo Samuel Beckett e o artista Bruce Nauman também deixa história. Após se afastar da pintura em 1966, Nauman introduz uma reflexão sobre a relação entre o espaço plástico e a cenografia. O seu interesse pela obra de Beckett (autor de À espera de Godot) conduz a uma nova apreensão do espaço e da consciência moral do artista. Desse interesse, a instalação Shit on your hat - Head on a chair e o vídeo Violent Incident são referências históricas.
Shit on your hat - Head on a chair Bruce Nauman
Os anos 1970 são sinônimo de vanguardas, revoluções, reviravoltas na arte. O happening com o exacerbar das questões humanas e sociais é um acontecimento. O nome reverenciado dessa corrente é o Living Theatre.
Quanto à arte da performance como linguagem artística, temos seu aparecimento no futurismo e no dadaísmo. Sua atividade se estende por ações de Marcel Duchamp, John Cage, Grupo Fluxus, entre outros. Com as denominações performance, happening, body art ou art corporel, é intensa de 1960 até cerca de 1975, representada sobretudo por Alan Kaprow, Wolf Vostell, Michel Journiac, David, Oppenheim, Vito Acconci, Gina Pane, Chris Burden, Gilbert and George, Nitch, Maccheroni. Nas décadas de 1980 e 1990, a performance está sempre presente nas obras de Joseph Beuys, Daniel Buren, Ben d'Armagnac, Grupo General Idea, Tom Scherman, Ulay e Marina Abramovic, entre outros. A partir de 1990, Renato Cohen, o Grupo Kitchen (de Nova Iorque), Guillermo Gómez-Peña (desde os anos 1980), Roberto Sifuentes, Ulrike Rosenbach (desde os anos 1970), Regina Frank e o Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos são artistas que mexem, remexem e teorizam sobre arte performática.
com luz, música ou efeitos visuais feitos pelo artista ou em colaboração;
em galerias, museus ou espaços alternativos;
raramente seguindo uma narrativa (porém, segue um script);
em alguns minutos ou muitas horas;
de maneira espontânea e improvisada ou repetida muitas vezes;
tendo o performer como o artista. Sua presença é o elemento diferenciador de outras formas artísticas.
Atualmente, expressões tão diversas quanto as da performance, das artes visuais, da dança, da música, do cinema e do vídeo são incorporados ao palco dramático como signos teatrais, apontando para um teatro pós-dramático. Ou seja, as incorporações de expressões que reverberam e dialogam entre si, perpassando o happening, as intervenções cênicas e as criações híbridas, tornam possível um modo de teatro que se enxerga enquanto prática específica, autônoma, de uma cena não comandada ou alicerçada pelo texto dramatúrgico, como no teatro tradicional.
* A partir do texto, responda as questões abaixo:
Em 1916, com o surgimento do dadaísmo, o que começa a acontecer pondo em causa os fundamentos do teatro e das artes em geral?
Na escola Bauhaus (1919-1933), qual é o elemento mais explorado pelo teatro e quais as suas referências?
Qual a proposta teatral de Antonin Artaud?
Como é marcado o teatro proposto por Antonin Artaud e o que manifesta?
Na primeira manifestação de Happening, no Cricotage, como acontece o espetáculo?
Nos anos 1970, qual a função principal dos happenings?
Quanto às performances, cite os nomes dos artistas que a utilizam como linguagem principal em suas apresentações.
Dê as características da performance. Ela pode ser realizada...
A performance com as artes visuais, a dança, a música, cinema e vídeo, como expressões podem ser incorporadas a que tipo de palco e apontam para quê?
O que se torna possível no diálogo entre o happening, as intervenções cênicas e as criações híbridas?
(Reponda em papel almaço e entregue na data solicitada pela professora)
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