Mar de Gente, o primeiro espetáculo da Cia. Teatro Dança Ivaldo Bertazzo, tem como tema central o olhar do artista sobre a evolução do homem, seu percurso ao longo do tempo, a forma como nos inserimos no mundo atual e quais são suas possibilidades de sobrevivência no futuro. Essas questões são o ponto de partida da criação do novo espetáculo. “Não quero fazer uma crítica destrutiva ao mundo moderno, mas uma proposta de reflexão”, explica Ivaldo.
Para discutir os caminhos e as escolhas da humanidade, Bertazzo desenvolveu uma coreografia pautada na individualidade dos corpos dos jovens da Companhia. “Nosso desafio é realizar o encontro entre o corpo de um jovem urbano, contemporâneo, da periferia de uma grande cidade, com ritmos musicais dos séculos XIX e XX”, destaca Ivaldo.
Em Mar de Gente, há uma maior liberdade gestual e cada bailarino apresenta uma linguagem própria. Há diferentes propostas coreográficas, aprimoramento da técnica, e uma melhor compreensão do movimento e da expressão.
A MÚSICA
A trilha sonora de Mar de Gente foi criada com base em compositores que foram buscar, na música folclórica, inspiração para seu trabalho. Da Hungria, temos o trabalho da cantora Marta Sebestyen e da Budapest Baroque. Da Bulgária, o canto tradicional Women’s Choir of Sofia. Da Romênia, a música interpretada pela Paraschiv Opera Orchestra. A música tcheca está presente com uma peça de Leos Janacek (1854/1928). Já a música cigana chega por meio do som do grupo de ciganos europeus Les Yeux Noirs, que apresenta a música cigana com roupagem contemporânea.
Leos Janacek |
Les Yeux Noirs |
Soliman Gamil |
Modest Petrovich Mussorgski |
Dimitri Shostakovitch |
Aleksandr Porfirevich Borodin |
O FIGURINO
O figurino de Fábio Namatame integra-se harmonicamente à proposta do espetáculo. Como ele mesmo explica, “minha pesquisa seguiu em direção a lugares muito diferentes, mas que na verdade convergem para um resultado visual bastante semelhante. Procurei uma mistura de russos, mongóis, japoneses, turcos, indianos, balineses, africanos e alguns índios latino-americanos. Uma aparente mistura desconexa, a princípio, mas que, para minha surpresa, resultou em alguns elementos em comum de cada cultura, sem uma prévia identificação, mas com detalhes de corte e cores reconhecíveis de um povo guardado da nossa memória.”
O CENÁRIO
O palco totalmente limpo e sem referências foi idealizado para ressaltar o trabalho dos bailarinos. Tudo estará a serviço do desempenho do corpo de dança. O palco vazio será preenchido por um povoado de lugar nenhum e de todos os lugares, de uma forma teatral sem truques, mas com uma verdade de interpretação.
A proposta está enfocada no tema e não na criação de uma ambientação que nos remeta a algum espaço determinado. Pelo contrário, Bertazzo tem a intenção de destacar a individualidade e a capacidade da recriação poética através da emoção da interpretação coreográfica, teatral e sensorial dos bailarinos.
Uma escadaria no palco tem a função de destacar algumas cenas, colocando em planos diferentes subidas e descidas, altos e baixos, horizontalidade e verticalidade. Preta e neutra, irá se movimentar durante o espetáculo, sugerindo geografias cênicas. Tudo a serviço da trajetória da civilização.
O GRUPO
A Companhia TeatroDança Ivaldo Bertazzo, fundada em junho de 2007, é resultado de um trabalho de quatro anos de capacitação de jovens para o ingresso no mercado de trabalho artístico através de um projeto de parceria com o SESC, denominado Grupo Dança Comunidade/SESC, patrocinado pela Petrobrás e com co-patrocínio do Instituto Votorantim. Com este projeto, foram realizados os premiados espetáculos “Samwaad” (2003) e “Milágrimas” (2005).
Em Mar de Gente, primeiro trabalho profissional destes jovens, a Cia. TeatroDança Ivaldo Bertazzo realiza sua grande estréia, e muito além disso, uma enorme conquista.
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