Está em cartaz no Paço Imperial a exposição “Meu Bem” da artista Beatriz Milhazes. Após onze anos, Beatriz Milhazes volta a expor no Rio de Janeiro. Estarão lá 60 pinturas, gravuras e colagens, feitas entre 1989 e 2013, além de um móbile de nove metros de altura, produzido especialmente para o local. A artista de 53 anos, festeja sua primeira grande exposição na cidade desde 2002, quando ocupou o CCBB com 22 trabalhos. É a mostra que marca seus 30 anos de carreira, contados a partir da primeira exposição, em 1983. Mas é, principalmente, a maior panorâmica da artista.
O curador francês Frédéric Paul optou por uma mostra centrada na pintura, mas com um diálogo com a gravura e a colagem, que aos poucos foram introduzidas. Os trabalhos anteriores a 1989 ficaram de fora.
“Esse é o ano em que ela começa a usar a técnica do decalque. É nesse momento que algo muda em seu trabalho. Antes, fazia uma referência forte às artes decorativas, ao período histórico brasileiro, imperial, com rendas, bordados. Mas a partir de 1989 sua pintura se torna menos espontânea e mais distanciada. Ela parte para a abstração.” explica Frédéric Paul.
Basicamente cronológica, a exposição faz alguns saltos. Na abertura, Frédéric Paul pôs uma tela do ano-marco, “Me perdoa… te perdoo” (1989) ao lado de uma recém-saída do ateliê no Horto: “Lavanda” (2012/2013), para mostrar como a primeira “antecipa de forma espantosa a problemática” que vai percorrer mais tarde a obra da artista. Em outra sala, ele reuniu a pintura “O sonho de José” (2003/2004), a colagem “Ginger, candy” (2006) e a gravura “Havaí” (2003), as três com uso marcante do arabesco. Na última sala, a tela “Domingo” (2010) está ao lado de uma série de gravuras nas quais o curador identifica uma “tentação pela arte cinética”: listras e estrias de cores vibrantes revelam o desejo do movimento.
Em sua obra, Beatriz apresenta a intensa relação com a arte popular brasileira e o diálogo com segmentos de arte aplicada, entre eles o artesanato e o bordado, bem como uma proximidade com o barroco, a antropofagia e o tropicalismo brasileiros. São também aspectos centrais a organicidade das formas e o intenso jogo cromático, que estabelecem uma relação de complementaridade e contraste com uma estrutura compositiva cada vez mais rigorosa.
“Ela reivindica laços fortes com a modernidade europeia e está em pé de igualdade na cena contemporânea, na qual abala os códigos muitas vezes pouco sábios da abstração”, sintetiza o curador da mostra.
Se chama “Gamboa Seasons” sua primeira grande peça tridimensional, um móbile que nasceu de uma peça construída para o cenário do espetáculo de dançaTempos de Verão, de sua irmã Marcia Milhazes, que acabou adquirindo diferentes formatos até a última e derradeira versão de 7 metros de comprimento por 3 de altura, atualmente em Basel, na Suíça. Para o Paço Imperial, Beatriz concebeu um novo projeto: cinco móbiles, feitos com os mesmos elementos da obra anterior e que parecem saídos de suas telas para ocupar e dinamizar o espaço (flores, miçangas, contas e outros elementos decorativos). A artista explica que essas peças “estabelecem uma conversa com a pintura, têm essa conexão característica do meu trabalho com a arte popular”.
Saiba mais sobre a artista: Beatriz Milhazes
Paço Imperial
O que: Exposição Beatriz Milhazes – Meu Bem
Onde: Paço Imperial – Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro
Quando: De 29 de Agosto até 27 de Outubro de 2013. De terça a domingo das 12 às 18h.
Para mais informações: http://www.pacoimperial.com.br
Contato: (21) 2215-1622
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