Surgida entre os séculos XV e XVI, na Itália, país que ainda mantinha viva a cultura do teatro popular da Antiguidade Clássica, a “Commedia dell’arte” vem se opor à “Comédia Erudita”, se afirmando até o século XVII. Também foi chamada de “Commedia All’improviso” e “Commedia a Soggetto”. Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas, ao chegarem a uma cidade pediam permissão para se apresentar, em suas carroças ou praticáveis, pois eram raras as possibilidades de conseguir um espaço cênico adequado. As companhias de commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar, excepcionalmente contratando um profissional. Ela se fundamenta nos seguintes parâmetros: A ação cênica ocorria no improviso dos atores, que passavam a ser os autores dos diálogos apresentados, seguiam apenas um roteiro, que se denominava “canovacci”, possuindo total liberdade de criação; os personagens eram fixos, e muitos atores desta estética de teatro viviam seus papéis até a morte.
Os personagens da commedia dell’arte possuíam duas categorias distintas, que eram os patrões e os criados. Os personagens mais importantes eram: Arlequim, Pantaleão, Capitão, Polichinelo, e a Colombina. O Arlequim possuía habilidades acrobáticas, era um servo astuto e ignorante, um pouco ingênuo, e estava sempre envolvendo as pessoas em confusões. O Pantaleão era um comerciante idoso e mesmo com a idade avançada costumava se apaixonar facilmente, no entanto era avarento. O Capitão era um militar que gostava de festa, fanfarrão, mas com uma enorme insegurança, própria dos covardes. O Polichinelo era um criado simples e gracioso, que gostava de uma boa macarronada. Já a Colombina era uma criada com extrema agilidade, esperta e inteligente, ela costumava tirar proveito de todas as situações. A maioria dos personagens da commedia dell’arte foram incorporados pelo teatro de fantoches.
Não é dado nenhum valor literário para a commedia dell’arte e nem a fonte de origem dessa manifestação artística é determinada, apenas alguns teóricos indicam da possibilidade dela ter surgido da “Fabula Atellana”. A commedia dell’arte influenciou a “comédia Erudita” dos séculos XVI ao século XVIII.
Sua teatralidade extrapola os limites das convenções de sua época, com figurinos coloridos, alegria e espontaneidade nas cenas, e ainda o domínio dos personagens por cada ator e atriz emprestar sua própria vida a arte. A commedia dell’arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a commedia dell’arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro.
No século XVIII a commedia dell’arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a commedia dell’arte não tardou a desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793).
Fontes
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 2000.
VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.
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